Por: Luiza Santos| Edição: Laura Scofield | Arte: Thais Moraes | Fotos: Gabriel Barros
“A resposta somos nós”, resumiu Auricelia Arapiun, liderança indígena da região do Baixo Tapajós. No terceiro dia do 20º Congresso Internacional de Jornalismo Investigativo, palestrantes debateram sobre a importância de ouvir fontes locais da Amazônia ao abordar a Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP 30), que ocorre em novembro deste ano, em Belém (PA).
O evento foi organizado pela Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), na Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), em São Paulo. Além de Auricelia Arapiun, participaram do debate os jornalistas da Revista Cenarium, Adrisa De Góes, Fabyo Cruz e Paula Litaiff. A mesa foi mediada pela presidente da Abraji, Katia Brembatti.
“Não adianta discutir a COP30 se não ouvir a voz das comunidades tradicionais, a voz de quem, de fato, enfrenta a crise climática. Então, se querem alguma resposta, nos ouçam. As autoridades fazem [negociações] em nosso nome, em nome dos nossos territórios, com falsas soluções”, enfatizou Auricelia, que também é formada em Direito e integra o conselho deliberativo da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab).
A COP30 é um evento que reúne lideranças mundiais, ativistas e especialistas para dialogar e propor diretrizes para combater as mudanças climáticas. O evento abordará, por exemplo, medidas para reduzir as emissões de gases de efeito estufa, e promover adaptação e preservação de florestas e biodiversidade.
Ampliar vozes
Para Paula Litaiff, fundadora da Rede Cenarium, os jornalistas devem estar preparados para cobrir o evento indo além da agenda institucional: é necessário que os comunicadores dialoguem e ouçam lideranças de povos tradicionais e a comunidade local que vivencia os impactos climáticos diariamente.

Debatedores defenderam que o jornalismo deve aliar saberes científicos aos tradicionais na cobertura de mudanças climáticas
Por: Luiza Santos| Edição: Laura Scofield | Arte: Thais Moraes | Fotos: Gabriel Barros
“A resposta somos nós”, resumiu Auricelia Arapiun, liderança indígena da região do Baixo Tapajós. No terceiro dia do 20º Congresso Internacional de Jornalismo Investigativo, palestrantes debateram sobre a importância de ouvir fontes locais da Amazônia ao abordar a Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP 30), que ocorre em novembro deste ano, em Belém (PA).
O evento foi organizado pela Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), na Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), em São Paulo. Além de Auricelia Arapiun, participaram do debate os jornalistas da Revista Cenarium, Adrisa De Góes, Fabyo Cruz e Paula Litaiff. A mesa foi mediada pela presidente da Abraji, Katia Brembatti.

“Não adianta discutir a COP30 se não ouvir a voz das comunidades tradicionais, a voz de quem, de fato, enfrenta a crise climática. Então, se querem alguma resposta, nos ouçam. As autoridades fazem [negociações] em nosso nome, em nome dos nossos territórios, com falsas soluções”, enfatizou Auricelia, que também é formada em Direito e integra o conselho deliberativo da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab).
A COP30 é um evento que reúne lideranças mundiais, ativistas e especialistas para dialogar e propor diretrizes para combater as mudanças climáticas. O evento abordará, por exemplo, medidas para reduzir as emissões de gases de efeito estufa, e promover adaptação e preservação de florestas e biodiversidade.
Ampliar vozes
Para Paula Litaiff, fundadora da Rede Cenarium, os jornalistas devem estar preparados para cobrir o evento indo além da agenda institucional: é necessário que os comunicadores dialoguem e ouçam lideranças de povos tradicionais e a comunidade local que vivencia os impactos climáticos diariamente.

“A cobertura desse evento não pode seguir uma lógica colonial e a gente fala isso a partir das vozes das lideranças tradicionais”, afirma Litaiff. Ela considera que o jornalismo por vezes privilegia fontes institucionais, governos e corporações, mas deveria trabalhar para romper com o exotismo e tratar os povos tradicionais como intelectuais e pensadores ambientais.
Litaiff também considera que a imprensa tem um papel importante no que ela chamou de “decolonização de fontes” sobre a COP 30. “Decolonizar é deslocar o centro da fala”, explicou. Por isso, a Rede Cenarium apresentou ao público um guia de fontes locais para a cobertura da COP30, que pode ser acessado aqui.
“A proposta da cobertura é não olhar apenas para o que o poder público diz, mas também para as populações que vivem e sofrem diariamente com essas questões climáticas”, acrescenta Adrisa De Góes, coordenadora de redação da Revista Cenarium. Ela destaca a necessidade de aliar o que dizem os pesquisadores e cientistas locais aos “saberes tradicionais das populações que vivem na Amazônia”. Adrisa começou a cobrir a COP30 ainda em janeiro, com o acompanhamento das ações de associações, movimentos indígenas, quilombolas e povos tradicionais.
Fabyo Cruz, repórter da Revista Cenarium no Pará, alerta que uma cobertura que não escuta as vozes das comunidades locais pode apresentar uma visão distorcida sobre os fatos. “Ouvi muitos dos entrevistados dizendo que a COP no Pará estava sendo apresentada de forma distorcida para quem não era da Amazônia”, explicou.
Para Auricelia Arapiun, a luta por fazer sua voz ser ouvida é parte da defesa dos territórios indígenas: “Nós somos movidos por mais de 500 anos de resistência. O que me move é a defesa dos territórios, é a defesa da vida humana. Nós, povos indígenas, somos 5% da população mundial, e nós preservamos 80% da biodiversidade que existe no mundo. Isso é pela continuação da humanidade”.
Texto produzido por estudantes, recém-formados e jornalistas integrantes da Redação Laboratorial do Repórter do Futuro, sob coordenação da OBORÉ e da Abraji.